sexta-feira, julho 10, 2020

A cura


A água descendo num fio pequeno pela torneira sobre a cebola com casca. Lágrimas escorriam nas faces acompanhando o fio de água. Depois foi a vez do cacho de bananas. Passava uma pequena escova em cada banana e, em seguida, enxaguava todo o cacho de uma vez. As cabeças de alho não escaparam. Já estavam secando ao sol, no parapeito da janela que dava para a parede de outro prédio. Estendidas no varal estavam as notas que havia recebido de troco pelas compras e, ao lado delas, alguns sacos plásticos  pingavam e ensopavam o chão. Atchim! Atchim! Atchim! Sempre três seguidos. O coração deu um só pulo, assustado e sem ritmo. “Será? Não, não é nada não.” E batia três vezes na madeira para espantar a má sorte e isolar o pensamento ruim.
Despejou num pano o restante de álcool que havia no vidro e passou pela segunda vez no chão. Como faria para desinfetar as superfícies, mesa, teto, se a última gota de álcool havia sido passada no chão e não havia encontrado o produto no mercado? Ainda havia água sanitária de sobra em casa e também no mercado. Misturou uma parte dela com cinco partes de água e passou em todas as superfícies que havia na casa, mesmo que já tivesse passado álcool em tudo na manhã daquele dia.
Tudo o que fazia era automático como o piscar de olhos e o respirar. Foi assim, automaticamente, que recolheu todas as caixas de leite que havia lavado e já estavam secas; guardou-as; em seguida retirou as laranjas do molho, enxugou-as com um pano limpo e colocou-as na fruteira.
Atchim mais três vezes enquanto desinfetava as maçanetas. “Será?” Batidas na madeira, três. Sentiu uma vertigem acompanhada com o que parecia falta de ar. Nunca havia sentido falta de ar e não sabia bem se era assim. Deixou o pano cair no chão e encostou-se na parede, deslizando as costas até sentar-se no solo. Lembrou-se de uma técnica de respiração que havia aprendido e fez. Respirou fundo, segurou um pouco contando até 5, soltou. Repetiu. Mais uma vez. Passou o mal-estar. Levantou-se e terminou de limpar as maçanetas. Seguiu para a desinfecção dos interruptores de luz. Enquanto passava o pano cuidadosamente em cada interruptor, acendendo e apagando a luz, pensou que precisava ligar para o marido que estava na China pesquisando um remédio que pudesse curar o mal do mundo.
Foi para o banho. Queria livrar-se de todo o suor do dia. Chorou embaixo do chuveiro. Lágrimas desciam pelo ralo junto com a água do banho. Colocou uma roupa bem bonita, a que mais gostava, não porque fosse sair, mas sim porque ia falar com o marido. Passou blush, delineador nos olhos e batom vermelho nos lábios finos.
Quase 18 horas. Hora de rezar. Pegou a imagem da santinha de devoção e foi até a janela. De olhos fechados, segurando firme a imagem com as duas mãos, rezou e pediu com muita fé, implorou aos céus a cura de tudo, do mundo, de todos. Mais lágrimas desabaram. Alguém ouvia uma música melancólica. Chorou mais.
Ficou sem vontade de falar com o marido naquele dia. Não queria falar com ninguém. Não queria pensar. Só queria dormir. Acordou às 4 da manhã e ficou olhando para o teto, perdendo mais uma vez o sono na mesma hora da madrugada. Rezou para todos os que estavam partindo naquele exato momento.
Começou a pensar em como sempre foi um tanto quanto catastrófica e apocalíptica. Ao longo da vida, foram várias as vezes que passaram-lhe pela cabeça cenários de hecatombe, cenas trágicas de Terceira Grande Guerra, de um meteoro devastador caindo sobre a Terra, ou de um terremoto medonho, um tsunami destruindo tudo e todos. Quando centenas de pessoas morreram sob a lama provocada pelo rompimento de uma barragem, chegou a sonhar noites seguidas com situação parecida acontecendo ali, acordando assustada e checando se não havia lama no corpo dela e no do marido, mesmo não existindo barragens onde moravam. O que nunca havia imaginado, e talvez ninguém, a não ser alguns roteiristas de filmes de epidemias, contágios, etc., era que o que avassalaria o mundo seria um vírus invisível, viajante e mortal. Um vírus que praticamente se teletransportava, aparecendo em todas as partes da Terra.
Vivia agora em um mundo pandêmico e em um tempo de mãos machucadas de tanto lavarem-se e de tanto lavarem. Pessoas e até animais de estimação eram obrigados a usar máscara. Tempo de afastamento das pessoas, de isolamento, de solidão. Abraços, beijos e cafunés eram proibidos. Também era proibido ir ao cinema, caminhar, viajar e velar os mortos. Morrer era difícil, não havia despedidas e os vivos precisavam se livrar dos mortos o mais rapidamente possível. E eram muitas as mortes. Nascer era tão difícil quanto morrer. Assim, a população mundial diminuía com o aumento do número de mortes e a diminuição de quem vinha à luz.
No entanto, era um tempo de solidariedade. Até os corações mais egoístas tornaram-se solidários, enxergando os invisíveis e os miseráveis, notando os outros umbigos e não apenas o próprio. A humanidade, diante da molécula mortal, parecia ter salvação, e até a natureza, tão constantemente maltratada, voltou novamente a ter alegria. O céu azulou, ficou alaranjado e com tons de rosa, mais pássaros cantavam como nunca, inúmeras tartarugas passaram a nadar em águas límpidas e cristalinas. Árvores e flores exibiam exuberância e frescor.
Levantou-se cansada de tanto pensar e de tão pouco dormir, fez café e tomou um gole. Precisava ir à farmácia para comprar própolis. Envolveu toda a cabeça e o pescoço com um lenço, calçou botas de plástico, pôs óculos escuros, máscara e lá foi ela. Fazia tempo que a vaidade não a acompanhava. Não se importava de parecer ridícula e absurda, até porque ninguém a reconheceria.
Colocar os pés na calçada era, agora, como estar entrando em uma zona de guerra. Temia que projéteis virais invisíveis a atingissem e, por isso, andava com pressa, sem respirar direito por causa da máscara, e atravessando a rua rapidamente assim que via chegando em sua direção alguém sem máscara. Discriminava a olhos vistos os desmascarados. Se as pessoas vinham mascaradas, não atravessava a rua, mas ia para uma parte da calçada que fosse o mais longe possível delas.
Entrou em casa, deixando os sapatos do lado de fora, e a operação de guerra continuou. Despiu-se colocando a roupa infectada sobre um lençol estendido no chão, espirrou água sanitária nos pés e lambuzou as mãos com álcool gel, esfregando bem. Em seguida, correu nua e na ponta dos pés para o banheiro, entrando rapidamente debaixo do chuveiro e imaginando as moléculas monstruosas indo por água abaixo, num banho demorado e bem quente, apesar do calor que fazia. As roupas e o lençol já estavam sendo lavados na máquina. Após o banho, ficou um bom tempo deitada esperando a máquina acabar de bater a roupa. Estendeu-a e, em seguida, comeu um pouco da comida feita no dia anterior. Agora estava ansiosa para ligar para o marido. A desconhecida sensação que parecia falta de ar tomou-a novamente. Sentiu-se febril e dormiu. Acordou ao entardecer com o som da chamada de vídeo do marido. Atendeu e ouviu-o, eufórico, dizendo de forma atropelada:
– Amor, amor, estamos chegando bem perto de um remédio que vai curar a doença provocada por esse vírus.
Ouviu com alegria o que o marido disse. Uma sensação de bem-estar invadiu-lhe o ser cansado e humano. Partiu deixando nos lábios um leve sorriso.

quarta-feira, junho 10, 2020


O que queríamos que acontecesse (homenagem ao Miguel, filho da Mirtes, lá do Recife)


Mir precisou ir trabalhar. Era um tempo pandêmico e, por isso, não tinha com quem deixar seu filhinho. Conversou com a patroa e ela permitiu que o levasse ao trabalho. Cinco da tarde, tudo em ordem e dia de trabalho cumprido. Ia para casa, finalmente, com seu menino. A patroa pediu um último trabalho: levar o cachorro para fazer cocôs e xixis na rua. O menino estava dormindo na caminha que ficava no quarto de empregada. Como achou que ele nāo acordaria, avisou a patroa sobre isso e saiu com o cachorrinho. Quando voltou, não acreditou no que viu no jardim do prédio. A patroa ajoelhada e brincando com seu filhinho, ambos rindo até a barriga doer. Na certa ele acordou e, para distraí-lo do chororô querendo a mãe, a dona Sarita resolveu distraí-lo brincando com ele no jardim.

segunda-feira, maio 04, 2020

Minha singela homenagem em conto para Aldir Blanc.

Repostagem

Incompatibilidade de gênios

Conto baseado na música de mesmo nome de autoria de João Bosco e Aldir Blanc. Versão da mulher da história.

Para a vidente:
Eu sei que trouxe as cuecas dele para a senhora rezar. Queria segurar esse homem a qualquer custo, queria ele só pra mim. Até coei café nas calças dele, como a senhora me disse pra fazer. Mas agora tem como a senhora desrezar as cuecas e tem como eu descoar o café? Não quero mais esse homem não. Cruz-credo. Explico.
Em casa, ele só fica pregado na poltrona vendo ou ouvindo futebol. E não é só jogo do Flamengo não. E não é só jogo ao vivo também não. É qualquer um, ao vivo, reprise, o tempo todo. E eu odeio futebol. Muito. Demais até. Outro dia cheguei em casa, pedi pra tirar do jogo e pôr uma música. Ele nem prestou atenção no que eu disse. Fez ouvidos moucos, como sempre. Fui lá, mudei a estação do rádio e comecei a cantar bem alto.
E quando essa criatura fica doente? Pode ser um simples resfriado. Ah, que mole que o traste é. Geme o tempo todo. Quem aguenta ficar perto de gente que geme? Não suporto. Pra ele, até um cisco no olho é um problema, acha que o olho vai cair, faz escândalo, geme. Ai, ai.
Agora deu pra ir ao bar. Fala que é só um pulo, um pulinho, um instantinho e que logo volta. Volta nada. Demora horas. E já chegou a demorar um dia inteiro. De castigo, faço dormir no sofá dez noites seguidas. Nem adianta vir com “benzinho” pra cá, “benzinho” pra lá. Benzinho o cacete.
E a novidade agora é cobrador batendo em casa. Ele corre pra se esconder e pede pra eu dizer que não está. Sabe o que eu faço? Mando o cobrador entrar, sentar e ainda ofereço café.
Ele mudou de emprego faz um mês. E sabe que sou muito grudada na minha mãe. Como eu tô trabalhando e ele mudou para um emprego melhor, é natural que minha mãe venha morar com a gente, não é mesmo? Mas não. Não quer de jeito nenhum. O que que tem minha mãe morar junto com a gente, oras bolas? Afinal de contas, ela é tão quietinha e não amola ninguém. E ia até ajudar a cuidar da casa, pois ele não ajuda. Não ajuda em nada.
Outro dia, na hora da janta, acabei salgando o feijão. Foi sem querer, sabe. Ele adora feijão e disse que salguei de propósito. Não foi de propósito, eu juro.
Ele tá ficando meio velho, acho, e tudo o irrita. Diz que só faço coisa pra atazanar a vida dele. Se faz frio e coloco o casaco, ele fala que tá um calor insuportável e pergunta por que que eu tô colocando o casaco. Será que a pessoa não pode nem se agasalhar quando tá frio?
Na semana passada sonhei com ele e mandei-o jogar no bicho. Deu burro na cabeça.

terça-feira, abril 21, 2020

O coveiro (Nanci Ricci)
Coveiro era sua profissão. E dela tinha muito orgulho. Quando perguntavam em que trabalhava, respondia, satisfeito: “Sou responsável por dar a última morada para as pessoas”. E todo esse orgulho e satisfação tornavam constrangedor o momento de enterrar alguém, já que, em meio a lágrimas e lamentos infinitos dos entes queridos do morto, ele demonstrava prazer e mesmo certa alegria enquanto realizava seu ofício, conservando os lábios em leve sorriso. Às vezes até cantarolava e assobiava, parando assim que o bom-senso chegava até ele. Mas tinha imenso respeito pelos mortos, isso era inegável.
Foi a primeira e única profissão. Saíra de casa com 15 anos, passando a perambular por várias cidades. Com 18 anos encontrou uma cidade que, por algum motivo, o fez ter vontade de nela permanecer. No único cemitério da localidade, foi empregado como coveiro e conseguiu um quarto para morar ali mesmo, ao lado da administração.
Quando estava com 25 anos, começou a cultivar a ideia e o desejo de que sua última morada fosse nesse cemitério. Como não tinha tantos gastos, juntava boa parte do salário para realizar esse desejo.
Dez anos depois, foi possível comprar um lote do cemitério, onde passou a construir sua sepultura e a dela cuidar, nas horas vagas, como quem cuida da própria casa.
Tempos depois, quis uma estátua com a própria imagem para ser colocada no seu túmulo, igual às que via nas sepulturas da parte do cemitério cujos donos eram mortos ricos, ainda que o lote por ele adquirido ficasse na parte dos mortos pobres.
Juntou, assim, dinheiro suficiente para encomendar a um escultor uma estátua que representasse a imagem dele e suas ferramentas de trabalho – pá, vassoura, regador. Para a base da estátua encomendou os dizeres “Davi Aleixo, cuidador neste cemitério. *30/3/1939 – †16/5/1979”.
Os poucos colegas de Davi não entenderam por que ele mandou gravar na estátua o dia, o mês e o ano de sua morte. Ele desconversava quando falavam sobre isso.
No final do dia 16 de maio de 1979, após mais um dia de trabalho, Davi despediu-se de todos de maneira diferente do que costumava. Abraçou cada um e disse “Sorte!”. Ninguém se lembrava de que esse era o dia gravado em sua estátua e não notaram a diferença na despedida.
Depois, Davi caminhou devagar entre as alamedas do cemitério respirando toda aquela paz e quietude. Quando chegou ao túmulo de um cantor que tinha morrido havia mais de 80 anos resolveu parar. Era incrível, refletiu, que, mesmo tendo passado todo esse tempo, o cantor ainda tinha fãs que não só depositavam flores em seu túmulo como também ajeitavam entre os dedos de sua estátua um cigarro aceso. Sentou-se no túmulo, ao lado da estátua do artista e, com o olhar perdido no infinito, acendeu dois cigarros, um para a estátua e outro para si mesmo. Enquanto soltava a fumaça do cigarro, observava longamente o cemitério, os túmulos dos quais cuidava tão bem e os ciprestes balançando, suaves, ao vento. Os ciprestes prenderam sua atenção por um instante; lembrou-se de alguns religiosos que vieram, uma vez, falar-lhe sobre essa árvore, mencionando uma passagem da Bíblia em que Deus Se compara aos ciprestes e aos filhos Dele, por serem fortes e permanecerem intactos, a qualquer que seja o desafio a enfrentar. Por fim, disseram que devíamos todos ser gratos à vida. Davi, se tinha gratidão, era mais à morte do que à vida.
O pensamento do coveiro, então, vagou para as diferenças que havia entre a parte rica e a parte pobre do cemitério. Em uma parte, havia túmulos enormes e imponentes, com estátuas de anjos e de arcanjos em oração, de santos e santas a olharem para o céu a pedir piedade, tudo feito com luxo e beleza, beleza que podia ser notada até mesmo na tristeza estampada no rosto de muitas das estátuas. Na outra parte, a não ser pelo túmulo dele, que se destacava pelo tamanho e pela estátua, havia pequenas placas no chão, com a identificação do morto, e um ou outro vaso com crisântemos; outras sepulturas nem placa traziam. Em todos esses anos de ofício, ele nunca fez diferenciação nos cuidados que tinha com uma e com outra parte do cemitério, e não sabia, antes de conhecer esse, que existia cemitério separado em lado rico e lado pobre. Sempre tratava cada túmulo de maneira igual. Nos que tinham apenas uma placa, fazia que ela sempre estivesse muito limpa e brilhando, e, caso não houvesse nenhum vaso com flor, colocava flores que estivessem sobrando em algum túmulo de luxo. Todas as pessoas eram iguais na morte, deduziu, fosse rico ou fosse pobre. Se em vida não havia igualdade, na morte havia, não importava o tamanho ou o luxo do túmulo.
Lembrou-se de algumas histórias famosas de mortos ricos daquele cemitério. Tinha a história do casal que se odiava em vida. O marido morreu antes da esposa e um busto dele foi colocado voltado para o leste do cemitério. Quando a esposa morreu, ela havia orientado que o busto dela fosse colocado olhando para o oeste, de costas para o busto do marido. Era um ódio eterno. Davi não entendia a existência de tanto ódio assim. Então, ele recordou de uma história bonita, embora triste, de uma moça que morreu em uma viagem e, no mesmo dia, o cachorrinho dela, que havia ficado em casa, também morreu. A moça e o cachorrinho foram enterrados na mesma sepultura e foi feita uma estátua dela com seu bicho preferido no colo.
Davi olhou o relógio e viu que já eram 11 horas da noite. E era o dia 16 de maio de 1979. Tinha de se apressar. Foi para o quarto. Faltando exatamente 1 minuto para o dia seguinte, morreu por suas próprias mãos. Estava feliz por finalmente poder estrear sua sepultura e não titubeou nem um instante ao realizar o derradeiro gesto. A única tristeza que levava na alma era não poder ser enterrado por suas próprias mãos.

terça-feira, janeiro 07, 2020

Desabafo


Olá, como vão? Eu não ando muito bem, pois, ainda que eu seja autoexplicativo, as circunstâncias atuais me obrigam a explicar a minha existência, a minha constituição. Então, sou um livro e, sendo um livro, trago em mim um montão de coisas escritas. Sou assim, fui feito assim e, pasmem, fui feito para ser lido. Lindo, não? Adoro quando me leem, quando me cheiram, quando me alisam. E fico pra lá de triste quando acabam de ler-me. Fico com um vazio, uma saudade daquelas mãos, daqueles olhos. Mas tudo passa assim que outras mãos e outros olhos me agarram. Sou bem volúvel, alguns dirão. Há livros que são ilustrados e livros com ilustrações, ou com fotos, lindos e que também devem ser lidos, cheirados, admirados. Eu não sou nem ilustrado nem com ilustração nem fotos, e trago em mim apenas letras, palavras, frases, orações, períodos, capítulos. Sem modéstia nenhuma, devo dizer que tenho uma riqueza interior imensa, e quem comigo anda acaba também ficando bem riquinho por dentro (por fora não garanto riqueza, mas por dentro...). Se eu não fosse assim, com um montão de coisas escritas, e viesse com as páginas em branco, com linhas, talvez, daí eu deixaria de ser livro para ser um caderno. O caderno, sabem, são vazios e ficam vazios para sempre caso ninguém neles escreva, ou desenhe, ou faça bolinhas de papel com suas páginas. Apesar de eu nunca me cansar de dizer, de falar, de contar, de tagarelar, vou ficando por aqui para não esfalfá-los. É isso aí. Um abração!


Descompasso  Os ponteiros do relógio não conseguem mais acompanhar a passagem das horas. Nanci Ricci